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[ESPECIAL] Quais eram os planos de Mauricio de Sousa ao trocar de editora?

Aproveitando o marco das edições 100 na Editora Panini, o Quadrinhada traz uma reportagem especial sobre os planos de Mauricio de Sousa ao sair da Editora Globo e ir para a Editora Panini, há 8 anos. Entre as metas de Mauricio naquela época, estava criar a TM em mangá - até então, nem se pensava em mangá jovem - e alcançar o mercado internacional.
As primeiras edições na Panini

O Quadrinhada trará, abaixo, dois textos retirados dos portais G1 e O Globo, quando a TM mudou de editora. As partes grifadas trazem os planos de Mauricio. Depois dos textos, veja o que foi cumprido e o que não foi.


Portal G1 - 10 de janeiro de 2007
“Turma da Mônica” muda de editora pensando no exterior
Após 20 anos na editora Globo, todos os títulos da “Turma da Mônica” passam, a partir deste início de 2007, para a multinacional Panini. Com mais de um milhão de exemplares vendidos mensalmente, “Mônica”, “Cebolinha”, “Cascão” e “Chico Bento” são as revistas em quadrinhos mais vendidas do Brasil, colocando imediatamente a Panini no posto de maior editora do gênero no país. Além da “Turma da Mônica”, a editora italiana tem os direitos das publicações dos super-heróis da Marvel e DC Comics.

O principal motivo da mudança foi, segundo Mauricio de Sousa, criador dos personagens, a possibilidade de atingir mais facilmente o mercado estrangeiro. “A Panini está em todos os países importantes da Europa e alguns da Ásia também”, afirma.

O que deve mudar também será o lançamento de mais títulos como a revista da Tina, voltada para o público adolescente feminino, livros de fábulas e contos (“não necessariamente com a ‘Turma da Mônica’”) e “neo-mangás”, como definiu Mauricio, com a “Turma da Mônica” desenhada no estilo dos quadrinhos japoneses. “Vamos brincar um pouquinho com o estilo ‘semi-mangá’ ou ‘neo-mangá’, ainda este ano”, promete.

A revista da Tina e a criação de mangás tentam buscar o novo público da Mônica e companhia. “O público mudou, a criançada está virando adolescente com sete, oito anos. Então a gente tem que acompanhar esta evolução com histórias mais maduras. Nossas revistas também têm 50% de público adulto e 50% de crianças super-avançadas e antenadas”, diz Mauricio.

Sobre a mudança no teor das histórias ocorridas nos últimos anos, com temáticas politicamente corretas, de cunho social e ecológico, Mauricio afirma que “não são as histórias que mudaram, e sim o público.” Para o autor, “o leitor não levanta bandeiras, mas acompanha o que está acontecendo. E nós seguimos a realidade de hoje.”

Mesmo envolvido com novos projetos comerciais, Mauricio de Souza continua desenhando. “Lógico que sinto (saudade de desenhar) e desenho. O (gibi) do Ronaldinho Gaúcho sou eu que estou fazendo e as tiras de jornal. Outro dia estava fazendo sobre os aeroportos. E o Chico Bento, que faço de vez em quando para o pessoal seguir uma linha, já que eu sou o mais caipira daqui.”

Os primeiros títulos mensais lançados pela Panini ("Mônica", "Cebolinha", "Cascão", "Chico Bento", "Magali" e "Ronaldinho Gaúcho") começam novamente do número 1, a R$ 2,90 cada. As edições bimestrais (Almanaques da Mônica, Cebolinha e Cascão) vão custar R$ 3,90. Ainda há o "Almanaque temático", trimestral, a R$ 5,90, e o Grande Almanaque de Férias, semestral, R$ 7,90.


Há planos de relançar também os primeiros números da editora Globo, em um pacote único com todos os títulos nas bancas e para assinantes.


Jornal O Globo, blog Gibizada - 11 de janeiro de 2007
A turma da Mônica em nova casa
O número de páginas, 68, é o mesmo, e o preço, R$ 2,90, também, mas a Turma da Mônica está de casa nova. Depois de 20 anos na Editora Globo, os quadrinhos de Mauricio de Sousa agora são publicados pela Panini, segundo o autor uma casa multinacional que acena com novas tecnologias e novos territórios para suas revistas em quadrinhos: Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento e os novos títulos Turma da Mônica (Uma aventura no Parque da Mônica) e Ronaldinho Gaúcho. Os gibis da Mônica e os almanaques do Cebolinha, Cascão e Mônica são maiores, têm 84 páginas e custam R$ 3,90. São, no total, dez títulos que agradarão aos leitores da turma da Mônica, personagem inspirada na filha do autor e criada em 1963. Por telefone ao Gibizada, Mauricio diz que ainda vem por aí uma revistinha da Tina, certamente voltada para as adolescentes, e uma série com a Turma da Mônica em estilo mangá, "já estamos fazendo uns testes e está ficando bem divertido", diz.  

- A cada ano a gente inventa, diz que vai se renovar, planeja resoluções e, às vezes, a realidade permite isso. Com o contrato feito com a Panini, poderei ter mais quadrinhos, filmes e livros paradidáticos com os personagens da Turma da Mônica ou não. E espero chegar, com os quadrinhos, a uma tiragem de 3 a 3,5 milhões de exemplares. Hoje estamos com 2 a 2,5 milhões - explica Mauricio de Sousa.

Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Rosinha, Anjinho, Penadinho, Xaveco, Franjinha, Bidu, Floquinho, Penadinho, Horácio, Piteco, Tina, Rolo, Louco, Bugu, Jotalhão, Astronauta... tem espaço para todos nos gibis, até para personagens pouco conhecidos dos leitores mais velhos como Nimbus, Denise, Dorinha, Titi, Marina, Luca, o gato Mingau e o menininho de cabelos louros Dudu, presente em quatro histórias da primeira leva de revistas: "É, parece que o Dudu está em alta", ri Mauricio.

O autor diz que os três almanaques contém seleções das melhores HQs da Turma da Mônica, material publicado há pelo menos cinco anos atrás. "Não republicamos histórias em menos tempo do que isso", esclarece. E para os fãs das aventuras clássicas de seus personagens, Mauricio adianta que pretende lançar, somente para assinantes, pois tem medo de mandar para as bancas e canibalizar o produto, os primeiros números de todas as revistinhas que já lançou em outras editoras ao longo da carreira. Um verdadeiro presente para os velhos leitores de suas histórias.

Mauricio de Sousa não deixa de volta e meia escrever e desenhar quadrinhos com a Turma da Mônica, como há pouco, em que não resistiu à crise nos aeroportos e fez uma tirinha de jornal sobre o caso. Outro que tem tomado seu tempo é o novo personagem, Ronaldinho Gaúcho, cujas tirinhas estão sendo muito bem vendidas, principalmente para o mercado exterior, onde suas histórias já são lidas em 15 idiomas. Isto sem falar no Chico Bento, para onde o autor sempre corre quando quer soltar a veia criativa caipira. Porém o dinossaurinho Horácio continua sendo o seu xodó, pois ele ainda roteiriza todas as histórias do personagem. Perguntado se ainda lê gibis, Mauricio desdenha com bom humor:

- De vez em quando paro em uma banca e compro de 10 a 20 gibis e levo pra casa para ler. Apesar da grande variedade, você opta pelo seu nicho. Mas não tenho gostado destas histórias de super-heróis de hoje em dia não, o pessoal tá choroso, angustiado, antigamente o herói era bem resolvido - ri o pai da Turma da Mônica, que poderá ser vista em longa-metragem de animação a partir do dia 16 de fevereiro, data de estréia nos cinemas do filme "Turma da Mônica - Uma aventura no tempo".
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"O que deve mudar também será o lançamento de mais títulos como a revista da Tina, voltada para o público adolescente feminino, livros de fábulas e contos (“não necessariamente com a ‘Turma da Mônica’”) e “neo-mangás”, como definiu Mauricio, com a “Turma da Mônica” desenhada no estilo dos quadrinhos japoneses" 
"ainda vem por aí uma revistinha da Tina, certamente voltada para as adolescentes, e uma série com a Turma da Mônica em estilo mangá" 
- A revista da Tina foi lançada em 2009, e circulou até 2011, voltando, reformulada, em 2014. Mas essa revista está sendo regida por muitos atrasos, era pra ser mensal, mas está atrasada desde o ano passado. Já a revista em mangá, que acabou saindo como Turma da Monica Jovem (ou TMJ), foi lançada em agosto de 2008, e segue até hoje, chegando nas 80 edições.

"Há planos de relançar também os primeiros números da editora Globo, em um pacote único com todos os títulos nas bancas e para assinantes." 
"Mauricio adianta que pretende lançar, somente para assinantes, pois tem medo de mandar para as bancas e canibalizar o produto, os primeiros números de todas as revistinhas que já lançou em outras editoras ao longo da carreira"
- Os planos para a Coleção Histórica naquela época eram outros: as revistas iriam somente para os assinantes, e também seriam os primeiros números da Globo, e não da Abril, como (felizmente) aconteceu. O receio de Mauricio em mandar as primeiras revistas para as bancas era correto: a CHTM número 1, pela internet (nas bancas não se encontra mais), varia de R$150 a R$2000, sendo que nas bancas elas saíram por R$20, preço praticado até hoje.

Comentários

  1. Se deixassem só as 5 mensais, tirando Neymar, a do Parque e do Ronaldinho das bancas, já estava bom. Os 5 almanaques e o temático tbm são legais, e o da Tina, do Penadinho e do Bidu eram os mais legais.

    Já a TMJ realmente nn vai sair tao cedo das bancas.

    Abç.

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