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Jogo do Cascão: conheça a desenvolvedora que criou o game da Turma da Mônica

A desenvolvedora brasileira Insane Games aproveitou a onda dos jogos para redes sociais e hoje se especializou um aplicativos para celulares. A reportagem conversou com o empreendedor Diego Beltran (28), dono do negócio, e com o diretor de áudio Kauê Lemos (24) sobre o novo projeto da companhia: o Jogo do Cascão, em parceria com a Mauricio de Sousa Produções. Confira detalhes da criação na entrevista a seguir.
Jogo do Cascão está disponível gratuitamente para iOS e Android. E foi desenvolvido pela Insane (Foto: Divulgação)
Turma da Mônica é casual
“Jogos para celulares são naturalmente mais casuais, porque são fáceis de se jogar enquanto está em uma fila de espera ou num elevador. Os personagens cartunescos do Mauricio de Sousa vestem este conceito como uma luva”, nos explicou Diego Beltran, o CEO que começou a curtir o Atari e o Nintendinho 8 bits quando ainda estava engatinhando. E o Jogo do Cascão não foi o primeiro de sua empresa, a Insane Games.
Em seu game, o jogador precisa ajudar Cascão a fugir da chuva, vencendo obstáculos (Foto: Divulgação)
O executivo falou um pouco do primeiro jogo envolvendo os personagens de um dos quadrinhos brasileiros mais consumidos no país: “O primeiro game desta série que criamos foi o Coelhadas da Mônica, onde você passa por uma aventura controlando a Mônica e acertando o Sansão nos meninos que aprontaram. Coelhadas da Mônica marcou o início da parceria entre a Insane e a Mauricio de Sousa Produções. Nesta segunda experiência, resolvemos levar a Turminha para iOS Android. Isso ocorreu porque já estávamos mais que aprofundados na experiência de criar jogos para smartphones, então sabíamos que não iríamos deixar a desejar em questão de qualidade e diversão”.
Coelhadas da Mônica é a Turma da Mônica no iPhone, iPad e Android (Foto: Divulgação)

Mas Diego e sua equipe de desenvolvimento da Insane não conseguiram criar games sozinhos. “Estudei muito a identidade sonora das animações e dos filmes da Turma da Mônica, o que foi essencial para adaptação dos sons e músicas nos jogos sem perder a essência dos quadrinhos. Eu já havia composto as músicas para o jogo Coelhadas, lançado em 2013, o que me ajudou muito no processo de composição para a trilha-sonora do Jogo do Cascão. O processo foi muito divertido”, nos explicou Kauê Lemos, compositor de videogames e diretor de áudio da Insane.


O jogo é simples: O gamer deve guiar Cascão em um cenário 2D para passar obstáculos, fugindo de uma tempestade, já que o personagem odeia água. A mecânica lembra Oven Break, precisando apenas pular e destruir objetos, embora o sistema de pontuação seja muito parecido com Angry Birds e Candy Crush.
Quais foram as dificuldades?
“É uma responsabilidade muito grande criar músicas e até efeitos sonoros para personagens conhecidos, justamente por que eles têm uma identidade apreciada pelo público. Por isso, foi essencial a participação dos produtores com suas ideias e conselhos, e eu precisei estudar bastante essa identidade para adaptá-la para os jogos”, explicou Kauê, sobre seu principal objetivo neste game. “O projeto foi criado em aproximadamente sete meses. Mas gostaríamos de ter feito em menos tempo, diversos fatores causaram atrasos no desenvolvimento”, justificou Diego.
Menu das fases do Jogo do Cascão, parecidas com Candy Crush (Foto: Divulgação)
Apesar do acompanhamento de perto da equipe do artista e empresário Mauricio de Sousa, a Insane apostou no minimalismo neste game. Isso se refletiu na musicalidade de Kauê Lemos: “Criei apenas um tema musical e pude brincar com ele de acordo com a situação do game. Por exemplo, no menu usei como inspiração um dia ensolarado para dar contraste com as músicas das fases".
Ele continua: "Quando o Cascão começa a fugir da chuva, usei o mesmo tema com uma variação de tonalidade menor e trovões como percussão, o que ajuda muito na imersão do player. Na fase da cidade, eu brinquei com buzinas de carros interagindo com a música e, quando ele pega o skate, fiz o mesmo tema usando guitarra e bateria com uma leve influência de punk rock. Realmente, foi divertido criar todas essas variações e eu fiquei muito feliz com o resultado final”.
E quantas pessoas trabalharam só neste game. Diego Beltran responde: “No início do projeto eram quatro profissionais. No decorrer do desenvolvimento, o projeto foi criando forma e começamos a ter mais ideias. Dedicamos uma equipe de seis pessoas no total contando com dois programadores, dois artistas, um designer de níveis e um designer de som (que é Kauê Lemos)”.
Fase do skate do Cascão é meio punk rock (Foto: Divulgação) (Foto: Fase do skate do Cascão é meio punk rock (Foto: Divulgação))

E o músico do grupo é um fã confesso de Mauricio e suas criações. “Sou fã de toda a Turminha, cresci lendo os gibis e nunca esqueço a minha primeira visita ao Parque da Mônica com minha família. Hoje sou apaixonado pela série Mônica Toy, ou seja, foi uma honra e uma experiência incrível participar desses projetos, uma verdadeira realização pessoal”, completa Kauê. Ele é compositor desde os 10 anos de idade e faz música para games desde 2010, quando recebeu um convite de um grupo da faculdade para entrar neste mercado.
E qual é a história da Insane?
“Cursei Sistemas de Informação e isso aprimorou muito meus conhecimentos de lógica, empreendedorismo e administração. Então com 24 anos decidi encarar os fatos, porque durante minha vida inteira eu sonhei em ser um designer de games e eu já tinha na cabeça o conceito de um jogo perfeito. Se um dia eu quisesse criá-lo, eu teria que dar início a minha própria empresa". Comenta Diego.
Ele continua: "Fiz sociedade com meu ex-colega de faculdade Luiz Alberto Zaiats e criamos a Insane. No começo eram apenas 2 programadores e 2 artistas, começamos criando alguns projetos menores e logo vimos o potencial da equipe. Crescemos criando diversos títulos sempre explorando o mercado. Participamos da febre dos jogos nas redes sociais com o jogo Freak Buddy e Bubble Up. Assim que começou a onda dos jogos para smartphones, nós pulamos de cabeça”, confessa.
Imagem de capa do Jogo do Cascão, da Insane Games (Foto: Divulgação) (Foto: Imagem de capa do Jogo do Cascão, da Insane Games (Foto: Divulgação))

Anjinho, salvando o protagonista Cascão da Chuva (Foto: Divulgação) (Foto: Anjinho, salvando o protagonista Cascão da Chuva (Foto: Divulgação))
O empresário já havia trabalhado em outras empresas como programador e, depois, com arte e animação, antes mesmo de fundar a Insane. Ele percebeu que, embora exista uma certa separação entre arte e a parte mais técnica, que já estava cumprindo as principais etapas na criação de novos jogos. Esse "know-how" o ajudou a abrir seu negócio.
O jogo do Cascão foi feito em Unity 3D e com imagens totalmente cedidas pela equipe de Mauricio de Sousa. Mas nem sempre foi assim. “A Insane já criou cerca de 15 games para IOS e Android, incluindo jogos em parceria com os jogadores de futebol Neymar, Luis Fabiano e Juninho Pernambucano. Agora tenho a honra de estar focado no desenvolvimento dos jogos da Turminha da Mônica. Sou fã deles desde pequeno. E também estou envolvido na criação de nossos primeiros jogos para PC, o Earth Under Siege. É um jogo que eu sempre idealizei, mas ainda é cedo para falar sobre ele”, diz Diego Beltran.

Apesar do otimismo com os projetos, Diego é muito crítico sobre a cena brasileira de games: “O mercado de games brasileiro ainda é muito cru. São pouquíssimas empresas que se atrevem a encarar as taxas e impostos que são cobrados para manter uma equipe, desenvolver e vender produtos, mesmo que seja tudo online. Fico desapontado com as barreiras que existem para produzir conteúdo."
Quando perde, o Cascão toma chuva (Foto: Divulgação) (Foto: Quando perde, o Cascão toma chuva (Foto: Divulgação))

Ele comenta que o Brasil é o quarto maior mercado consumidor de jogos no mundo: "mesmo assim aqui não existe capital de risco para este setor. Os investidores não conhecem este mercado, muito menos a indústria. Então, sem investimento e sem incentivo, estamos lapidando pedra com as mãos. Dói, mas uma hora sai”.

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